Cresci
ouvindo que “homem não chora” e que, jamais deveria expôr seus
sentimentos, especialmente se estivesse interessado ou, gostando de
alguém. Declarar "Eu te amo", por exemplo, para esse
"alguém", era sinal de "fraqueza" e significava ter perdido
totalmente o controle sobre o outro. Eu não tinha a menor noção do que
isso significava, já que, até aquele momento, não tivera qualquer experiência
amorosa, embora já estivesse com meus quinze anos.
Não
demorou muito, e então, sem qualquer aviso prévio, aos dezesseis,
apaixonei-me por uma pessoa. A julgava a melhor garota do bairro. A mais bela e
perfeita do mundo. Não admitia que ousassem dizer o contrário. Mergulhei
de cabeça naquela paixão.
A
música romântica embalava nossos encontros. Nossos momentos eram mágicos.
Queria que fossem eternos. Estávamos sempre muito juntos um do outro. Jamais
brigávamos. Não queria de forma algum perdê-la. Mas era difícil ignorar o que
as pessoas falavam, principalmente a família e os amigos. Diziam que ela
não prestava e que, quando não estava comigo, traía-me com outro.
Recusava-me a acreditar. Pensava que ela gostava de mim tanto quanto eu
dela. Mas os comentários me incomodavam, confesso.
No
íntimo, queria conferir se era verdade, mas estava com medo do que pudesse
descobrir. Finalmente, criei coragem e resolvi tirar a história a limpo.
Acompanhado de um amigo, fui um centro recreativo onde ela costumava ir, aos
fins de semana. Não demorou muito para que aparecesse abraçada com o outro. Só aí
me dei conta de que havia aberto o coração para a pessoa errada.
Soube
que eles estavam juntos há bastante tempo. Ainda desapontado, voltei para casa,
decidido a terminar tudo, na primeira oportunidade que tivesse, e partir para
outra.
Ao
anoitecer, quando a encontrei, discutimos a relação. Decidi que o melhor
era cada um seguir seu caminho, sem mágoas ou ressentimentos. Meses mais
tarde, conheci uma pessoa muito especial, por quem me apaixonei. Casamos,
estamos juntos até hoje e temos um lindo filho. Mas essa é uma outra história.
A
experiência tem mostrado que, em assuntos do coração, independente da idade, o
campo é bastante sensível e exige cuidados especiais. Ninguém está, ou pode se
considerar "blindado", contra uma decepção amorosa. Acontece com
qualquer um. Só não pode deixar de acreditar no amor.
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