segunda-feira, 23 de junho de 2014

A MULHER E O ÁLCOOL







É com preocupação que tenho assistido, especialmente na TV e em horário nobre, a veiculação de comerciais de bebidas alcoólicas, especialmente de cervejas. De uma forma atrativa e "saborosa", o produto é apresentado ao telespectador, sem qualquer preocupação por parte do fabricante, em mostrar a triste realidade que o álcool esconde e que seu uso prolongado pode acarretar. Para eles a "propaganda é a alma do negócio". O importante é lucrar a qualquer custo, afinal, já afirmava Maquiavel "os fins justificam os meios".

Eles, no entanto, ignoram que, a médio e longo prazo, o usuário eventual de bebidas alcoólicas poderá se tornar um dependente do álcool, desencadeando processos degenerativos do cérebro (comprometimento da memória, da concentração e do raciocínio); da moral (O alcoólatra torna-se displicente e relaxado com o trabalho, com os familiares e consigo mesmo) e físico  (o álcool ataca diversos órgãos, entre eles o fígado, comprometendo a saúde e o vigor físico). 

   Os Acidentes de trânsito, atropelamentos causados por motoristas embriagados; violência doméstica contra a mulher e filhos; brigas, separações, divórcios e assassinatos são as principais consequências desse terrível mal que assola grande parte dos lares, não só no Brasil, mas ao redor do mundo.

De nada adianta os jargões "beba com moderação" ou ainda "se dirigir não beba e, se beber, não dirija.", nos segundo final de um comercial. É só pra "inglês ver", ou melhor: para "ignorante ver" 

As autoridades deveriam tomar atitudes mais severas junto aos grandes fabricantes de bebidas (alcoólicas) e elevar as taxas de impostos, a fim de desestimular a produção e o investimento em marketing de seus produtos. Mas não acredito que o Governo tenha interesse nisso, muito menos vontade política. Certamente há muito dinheiro entrando nos cofres públicos, do qual não deve cogitar abrir mão!  

  Outra medida radical, mas que amenizaria consideravelmente o problema, seria proibir a propaganda de bebidas na TV, como foi feito com o cigarro, anos atrás. É evidente que isso não impediria que as pessoas deixassem de consumir o produto, mas seria uma forma de não induzir, não estimular.

A mesma mídia que apresenta motoristas bêbados na direção do veículo, como responsáveis por mais de 50% dos acidentes com vítimas, incentiva-os a ingerí-la, por meio desse tipo de propaganda, desde que seja "com moderação". Não parece paradoxal e um contra-senso? Não consigo entender isso!

Li a matéria publicada pela Gazeta do Povo (Blog do Viver Bem, onde a psicóloga Ana Beatriz Pedriali Guimarães responde, com muita propriedade, a seis (6) questões cruciais, ligadas  à  mulher e sua relação com o álcool". 

Longe de polemizar sobre o assunto, de ser taxado como machista e antifeminista, é fato que a mulher, embalada pelo movimento feminista ou, não compreendendo o real significado do discurso intelectual, filosófico e político, por eles apregoados, vem se deteriorando em áreas e aspectos só antes verificados entre o gênero masculino.

Lamentavelmente, em nome de uma "libertação dos padrões opressores baseados em normas de gênero"(Wikipédia), ela tem perdido o respeito próprio, se tornado escrava de seu próprio desejo de se igualar ao homem. Escrava de si mesma.

Uma pena, porque Deus criou a mulher com propósitos bastante específicos, com os mesmos direitos do homem, apenas com uma estrutura física diferente. Porém, o ser humano buscou muitas invenções.

 Confira a matéria na íntegra:

"Quando a igreja deixou de ditar regras sobre todas as áreas do conhecimento, a medicina se desenvolveu mais e começou a notar que a dependência química e doenças mentais não se tratavam de uma questão religiosa, muito menos poderiam ser minimizadas à falta de caráter.

No começo do século XX, o alcoolismo foi percebido como uma patologia, caracterizada como síndrome. Mas, só após a Segunda Guerra Mundial a mulher passou a ser vista como personagem desse preocupante contexto.

As necessidades femininas frente a esse problema são diferentes das dos homens, por isso a importância de uma atenção direcionada a elas. No livro Um passado que vive – Transmissão familiar do alcoolismo feminino (editora Rosea Nigra), da psicóloga Ana Beatriz Pedriali Guimarães, a mulher e suas relações familiares são colocadas em evidência, mostrando ao público os pontos críticos em torno do tema, principalmente o vínculo existente entre mães, filhas e o alcoolismo. A pesquisa apresentada no livro recebeu premiação em 2009, pelo National Institute of Drug Abuse (NIDA-USA), no 11th Annual Meeting of International Society of Addiction Medicine (Calgary – Canadá). Segundo a autora, levantar essas questões é fundamental para a prevenção e um tratamento direcionado.
A seguir, uma entrevista com a psicóloga Ana Beatriz Pedriali Guimarães.

Dra. Ana Beatriz

Quais os efeitos do álcool na mulher?
 
As questões biológicas entre homens e mulheres são bastante diferentes. As mulheres desenvolvem a doença rapidamente e ficam embriagadas com menos quantidade de bebida. O processo de metabolismo do álcool é mais lento que no homem, ficando mais tempo na circulação sanguínea. Complicações no ciclo menstrual, depressão e transtornos de humor também podem ser decorrentes do alcoolismo.

Como a mulher se relaciona com o alcoolismo?

Antigamente, existiam mulheres alcoolistas, mas de forma velada. Elas consumiam álcool de cozinha. Hoje é aceito que elas bebam em bares e restaurantes. Mesmo assim, quando elas têm um problema de alcoolismo tendem a esconder mais que os homens. Elas sentem vergonha perante a família e a sociedade, o que dificulta buscar tratamento. Com as mulheres, o tratamento em grupos femininos funciona melhor.

Quando o álcool se torna uma opção?

A dependência química surge da desconstrução da estrutura psicológica (criada desde a infância, no ambiente familiar e escolar) de uma pessoa. Sendo assim, a questão sociocultural não define e não protege a pessoa de desenvolver uma dependência química, já que a desestrutura psicológica está ligada aos traumas e as violências vividas durante a vida. Esses fatores influenciam a autoestima da pessoa. Com a autoestima estável, eu consigo lidar com as adversidades do dia a dia. Já, se eu não tenho capacidade de lidar com os meus problemas, eu vou recorrer a opções fora de mim, como o uso do álcool.
Os modelos vividos influenciam na transmissão do alcoolismo entre as gerações. A mãe briga com o pai e vai beber. Tem uma desavença com a avó, bebe. A geração (da filha) aprende que quando se tem um problema, o álcool é a melhor maneira de lidar com isso, justamente porque não aprendeu diferente.

Essas mulheres vislumbram outras hipóteses de vida?

Elas nem chegam a cogitar outros pensamentos. Por exemplo, na história dessas mulheres o divórcio é algo recorrente. Quando eu perguntava a elas porque não se casavam de novo, elas me diziam que não queriam mais apanhar. Eu falava: “E porque você não escolhe um homem que não te bata?” Elas me respondiam: “Ah! Até parece que isso existe!” Ou seja, elas não acreditam que existam homens fiéis e que as respeitem.

Como prevenir as gerações futuras?
 
A prevenção se dá com a terapia e aprendendo que a vida é feita de escolhas. A tendência é basear as decisões nos modelos conhecidos de vida, mas essas mulheres podem escolher estilos de pessoas diferentes para se relacionar e encontrar outras formas de lidar com os problemas do dia a dia que não seja bebendo - ela pode falar com alguém ou extravasar fazendo um exercício. Como elas estarão agindo diferente, as filhas delas terão modelos diferentes e essa é a ideia da prevenção entre as gerações futuras.

O que mais a impressionou durante a pesquisa sobre essas mulheres?

O tipo de família do qual elas fazem parte. Pensávamos que elas possuíam uma família desligada, sem elos de afeto. É justamente o contrário. Elas vivem no tipo de família emaranhada. Famílias com vínculos extremamente próximos, o que também é patológico. O brasileiro tem mania de achar que a família emaranhada é uma família feliz, mas nessa estrutura familiar você não tem espaço para pensar com a sua própria cabeça. Os filhos não conseguem crescer. Eles têm sempre que agradar aos pais - sempre tão amorosos, cuidadores e protetores. Então, quando os filhos querem algo diferente do que os pais esperam, os filhos se sentem culpados. Para lidar com essa culpa, o álcool é considerado uma saída.