sábado, 18 de outubro de 2014

HOMEM NÃO CHORA, SERÁ?





Cresci ouvindo que “homem não chora” e que,  jamais deveria expôr seus sentimentos, especialmente se estivesse  interessado ou, gostando de alguém. Declarar "Eu te amo", por exemplo, para esse "alguém", era sinal de "fraqueza" e significava ter perdido totalmente o controle sobre o outro. Eu não tinha a menor noção do que isso significava, já que, até aquele momento, não tivera qualquer experiência amorosa, embora já estivesse com meus quinze anos. 

Não demorou muito, e então, sem qualquer aviso prévio, aos dezesseis,  apaixonei-me por uma pessoa. A julgava a melhor garota do bairro. A mais bela e perfeita do mundo.  Não admitia que ousassem dizer o contrário. Mergulhei de cabeça naquela paixão. 

A música romântica embalava nossos encontros. Nossos momentos eram mágicos. Queria que fossem eternos. Estávamos sempre muito juntos um do outro. Jamais brigávamos. Não queria de forma algum perdê-la. Mas era difícil ignorar o que as pessoas falavam, principalmente a família e os amigos. Diziam que ela não prestava e que, quando  não estava comigo, traía-me com outro. Recusava-me  a acreditar. Pensava que ela gostava de mim tanto quanto eu dela. Mas os comentários me incomodavam, confesso.

No íntimo, queria conferir se era verdade, mas estava com medo do que pudesse descobrir. Finalmente, criei coragem e resolvi tirar a história a limpo. Acompanhado de um amigo, fui um centro recreativo onde ela costumava ir, aos fins de semana. Não demorou muito para que aparecesse abraçada com o outro. Só aí me dei conta de que havia aberto o coração para a pessoa errada.

Soube que eles estavam juntos há bastante tempo. Ainda desapontado, voltei para casa, decidido a terminar tudo, na primeira oportunidade que tivesse, e partir para outra.

Ao anoitecer, quando a encontrei, discutimos a  relação. Decidi que o melhor era cada um seguir seu caminho, sem mágoas  ou ressentimentos. Meses mais tarde, conheci uma pessoa muito especial, por quem me apaixonei. Casamos, estamos juntos até hoje e temos um lindo filho. Mas essa é uma outra história.

A experiência tem mostrado que, em assuntos do coração, independente da idade, o campo é bastante sensível e exige cuidados especiais. Ninguém está, ou pode se considerar "blindado", contra uma decepção amorosa. Acontece com qualquer um. Só não pode deixar de acreditar no amor.