No dia vinte e nove de maio de 1983, após três meses
de preparação e discipulado, ele descia as águas do batismo, no templo sede da
AD em Curitiba. Foi o dia mais importante de sua vida! Infelizmente não dispõe
de registro daquele momento histórico, mas guarda tudo na memória, como se
tivesse ocorrido ontem! Em poucas palavras gostaria de descrever a experiência que
mudou sua vida.
Filho de um casal de congregados da AD de Vila
Parolin, o segundo filho de uma família de oito irmãos - embora acompanhasse os
pais em quase todas as reuniões da igreja - jamais tivera uma experiência
pessoal com Jesus. Quando o relacionamento dos pais chegou ao fim, resolveram
separar-se, não tendo ideia das consequências que isso traria para os filhos. Wanderlei
tinha, então, treze anos. Revoltou-se com o fato, ao mesmo tempo em que passou
a fazer tudo o que antes não sentia liberdade para fazer, como resultado de uma
criação rígida. Com o pai ausente de casa, perdeu o referencial. Criado apenas
pela mãe, aos quinze começou a fumar, a beber e a frequentar discotecas e
danceterias. Adorava Rock, e idolatrava os cantores e músicos do Heavy metal. Não
parava em casa um fim de semana sequer. Aos dezessete apaixonou-se por uma
garota de família católica, de nome Rose, que algumas vezes o levou à sua
igreja, para ver se ele mudava seu rumo. Mas, devido à formação que recebera, Wander
– como ela o chamava carinhosamente - sentia-se “deslocado” quando lá entrava.
Nada preenchia o vazio que havia em seu ser. Aos dezoito, passou a frequentar
bares, pois agora era maior de idade e “dono do seu nariz”. Mas antes que se
aprofundasse naquela vida, um fato inesperado mudou completamente sua história
e seu destino.
Num tempo em que se dava muita ênfase aos estudos bíblicos nas
Assembleias de Deus e as conversões eram geralmente acompanhadas de uma transformação
radical na vida dos que se entregavam a Cristo, Wanderlei foi convidado por sua
mãe a ir à igreja onde congregava para assistir ao encerramento de um desses estudos.
Inicialmente negou-se a ir, mas por insistência de sua namorada acabou cedendo,
não tendo a menor ideia do que o aguardava naquela noite! Cabisbaixo e um tanto envergonhado – já que na infância havia
frequentado aquela igreja em companhia dos pais e a maioria das pessoas o
conhecia – entrou, procurando não despertar a atenção. Sentou-se o mais
distante possível da vista das pessoas. O ministrante da Palavra era um pastor
chamado Max, que estava ministrando um estudo com figuras, ilustrando a
situação do coração do ser humano. Durante a ministração a atenção do jovem fixou-se
na figura que apresentava o coração de um
desviado, que, além do espírito mal que saíra dele anteriormente e
retornara, outros sete espíritos piores que ele habitavam agora nessa pessoa. Wanderlei começou a refletir sobre aquilo. O quadro tinha tudo a ver com
sua vida. Inesperadamente as lágrimas brotaram em seu rosto! Não conseguia
parar de chorar! Porém, permaneceu ali, imóvel, sem esboçar reação alguma. O
pastor, então, fez um convite, seguido de uma indagação bíblica: “Louco! se hoje pedirem a tua alma, o que tens preparado, para quem será ?”
Essa palavra atravessou-lhe o coração como flecha! A essa altura ele já havia
decidido entregar-se a Cristo, mas não tinha forças para ir à frente. De
repente um irmão que estava assentado no banco do coral saiu e veio em sua
direção. Ao chegar disse: Jovem, o
Senhor te chama hoje! Vem, que eu te acompanho até o altar. Lentamente Wanderlei
o seguiu, dirigindo-se pelo corredor estreito da velha congregação do Parolin,
apoiando-se nas pilastras que sustentavam o teto do templo até o altar. Ao
chegar, ajoelhou-se em prantos, e ao levantar-se sentia profunda paz na alma e
uma alegria indizível!. Tudo ao seu redor havia mudado. Já não era mais a mesma
pessoa. Wanderlei finalmente tivera um encontro com o Senhor Jesus!
Ainda diante do altar, foi abraçado carinhosamente por várias pessoas,
que já o conheciam, entre eles Rosalvo Macedo (In memoriam) e a esposa Cândida Macedo, que muito oraram para que
um dia Jesus o salvasse. Foi uma noite inesquecível!
Agora, Wanderlei tinha pela frente seu primeiro desafio: seu namoro. A
moça não era convertida ainda. Como prosseguir assim? Orou e pediu orientação a
Deus. Não queria tomar qualquer iniciativa que pudesse fazê-la sofrer. Na
primeira semana de convertido ambos se encontraram como de costume, nas ruínas
de São Francisco. Qual foi sua surpresa quando ela fixou-lhe o olhar e disse
que ele havia mudado “muito”, que não era mais a mesma pessoa; que até seu
jeito de olhar era diferente, e, assim não dava mais para continuar. Inesperadamente ela decidiu pôr termo ao namoro,
que já durava nove meses. Deus tinha ouvido a oração do rapaz. Sentia-se
aliviado e agradecido. Agora Wanderlei podia preparar-se para o batismo.
No ano seguinte (1984), ainda inexperiente e solteiro, foi convidado por
seu dirigente – Pb Noroé de Oliveira Quadros (in memorian) - a integrar o quadro de cooperadores da congregação. Em Janeiro desse ano, após buscar durante doze meses, o jovem recém convertido recebia o batismo com Espírito Santo, no último dia do 17º Congresso Anual da UMADC. Começava ali sua trajetória ministerial.
Bodas de Prata - 17/05/2011 |
O tempo passou e ele soube que sua ex-namorada havia aceitado ao Senhor
Jesus e sido batizada. Wanderlei ainda a amava e sentia que sua história com
ela não havia terminado. Passaram a encontrar-se com frequência e, após orarem
buscando a direção do Senhor, decidiram reatar o relacionamento. No ano
seguinte (1985) noivaram e seis meses depois, no dia 17 de maio de1986, entraram
na mesma igreja, para trocarem alianças e receberem a bênção do Senhor em seu
matrimônio. Cinco meses depois sua esposa engravidou, e, no dia 01 de Julho de
1987 nascia seu primeiro e único filho, Diogo, que foi apresentado ao Senhor no
dia 13 do mesmo mês e ano.
Wanderlei foi ordenado ao diaconato em 01/05/93; ao presbitério em 12/12/98 e, em 29 de Outubro de 2009, a Evangelista. Era o Senhor honrando e cumprindo as promessas feitas quando de sua conversão.
Ao longo desses trinta anos teve o privilégio de cooperar em
várias congregações do campo Ministerial de Curitiba, entre elas: V. Parolin (a igreja mãe -1983-1992), Vila Lindóia (1992-1995), Diadema 2 (1995-1996), B.Novo 1 (1996-2006), V.Osternack 1 (2006-2009) e Jd São Carlos (2009 á atual), estas duas últimas como Dirigente. Foi ainda: Líder da Mocidade (em todas as congregações porque passou), líder
de evangelismo, secretário, baixista, maestro de vocal, líder Distrital de
Jovens (1991-92), Coordenador Regional da UMADC(1999-2000); profº da EBD,
coordenador de discipulado, Coordenador de Adolescentes; 2º Dirigente de
congregação; dirigente de ponto de pregação; líder de MMI (Ministério com casais),
sempre respeitando as orientações de seu pastor local.
Só tenho a agradecer a Deus pela chamada e pelo
cumprimento de suas promessas. Pelo incentivo e apoio de minha
família e amigos, sem o qual não teria chegado até aqui; pelos dirigentes que acreditaram
em meu ministério e me apoiaram; pelas igrejas por onde passei e por todos que
sempre oraram e me incentivaram.
Sei que ainda há muito o que fazer para o Senhor e os desafios sempre farão parte dessa caminhada, mas eu sei em
quem tenho crido e estou certo de que Ele é poderoso para me guardar até aquele dia e que jamais me abandonará.
Como Samuel posso ousadamente dizer: “Até aqui me tem ajudado o SENHOR”. 1 Sm 7.12b.